Caminhando para o futuro, aos trancos e barrancos

Caminhando para o futuro, aos trancos e barrancos

A rede – a internet e seus predicados que se desenvolvem de forma exponencial embaixo da nuvem computacional – privilegia antes de tudo a organização local ou nas palavras de Nicholas Negroponte, a globalização privilegia antes de tudo o glocal (informação, comunicação e articulação, veja mais aqui). E isto caracteriza o momento de conflito que vivemos entre a nova e a velha economia, descrito pelo economista José Roberto Mendonça de Barros, em recente artigo no Estado de S Paulo, como “uma grande atividade e forte efervescência, típicas das viradas de ciclo”. Ou seja: ao mesmo tempo que convivemos com um “um processo de consolidação dos setores da economia mais maduros, há uma explosão de novas atividades, resultantes de saltos tecnológicos e de novas demandas da sociedade. O jogo principal está na emergência do novo, e este, como se sabe, decorre em larga medida da revolução da tecnologia da informação, da comunicação e da sociedade em rede” (a íntegra, aqui).

Refletindo a preocupação das estruturas de poder tradicionais com este processo de mudança, paralelamente ao último encontro do G8, em Paris, organizado pelo presidente francês Nicolas Sarkozy, ocorreu o evento oficial e-G8 (aqui, o canal do e-G8 no youtube), um fórum para discutir as questões conflituosas que vivemos desde a emergência da rede como Word Wide Web, em dezembro de 1990. Mais do que debater esta situação, o objetivo de Sarkozy assim como de boa parte do establishment era propor formas de controle da rede. Como se fosse possível e tivesse sentido controlar a rede.

Fazendo contraste a tudo isso, Yochai Benkler, professor de direito em Harvard e pesquisador da economia em rede, fala nesta entrevista no fórum e-G8 sobre a radical descentralização dos meios de criação de informação, conhecimento e cultura que a internet trouxe para a sociedade e, com isso, a inovação para as mãos do público. Na visão dele, nos próximos anos vamos continuar assistindo uma batalha entre a velha e a nova indústria. A internet móvel, na opinião dele, pode indicar o futuro. Se vencer o controle das Telecons em vez do fator ubíquo (a inteligência nas pontas, a descentralização) da rede, a sociedade e a democracia serão as perdedoras.

Apesar do pessimismo de Benkler, por considerar a hipótese de vitória do oligopólio formado pelas grandes operadoras de telefonia, é uma questão de tempo e muitos dramas para o novo se impor ao velho. É evidente que neste processo ocorrerão composições. Não há dúvida de que nestes primeiros anos da Web houve uma reação contrária às tecnologias (aqui, um exemplo deste espírito no G8), como por exemplo a reação da indústria fonográfica contra a música digital. Mas, como argumenta Andrew Lippman, quando se começa a construir uma plataforma aberta, é possível reverter esta reação e isto dará mais poder à sociedade. No final, a sociedade vencerá. No final das contas, as leis são apoiadas pela sociedade – elas não controlam a sociedade. Se você constrói sistemas e plataformas abertas, e os torna amplamente disponíveis, então a sociedade ganhará e manterá sua voz. As estruturas legais têm de apoiar as estruturas sociais.

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