O Tempo da História

O Tempo da História

Há 20 anos, Tim Berners-Lee inventou a Word Wide Web. Em seu próximo projeto, ele está construindo uma rede que vai vincular os dados que fará aos números o mesmo que a Web fez com as palavras, imagens e vídeos: Libere seus dados e reestruture a forma de utilizá-los.No vídeo abaixo, ele fala deste futuro, um futuro impossível de ser imaginado por nós hoje.

“A Internet não é confiável”

Aqui, não falamos do passado. Falamos de cultura. Cultura no sentido de forças sociais articuladas que nos levam a uma reflexão profunda sobre com que velocidade avançaremos para este futuro inexorável. O ponto de partida são os questionamentos simplistas sobre se a Internet é ou não confiável. É um erro ou uma forma pouco adequada colocar o problema afirmando que a “internet” não se mostrou confiável.

A internet é um protocolo de comunicação. Este protocolo junto com o url: o http:// e o hypertexto viabilizam a Web, que é a teia mundial, uma nova infraestrutura de atuação (,que aqui denonimamos internet). Dominante, como foi a eletricidade no passado. Agora é o tempo da informaticidade. E pela primeira vez na história, a inteligência de uma infraestrutura é distribuída. Os jornais estão aí e continuarão aí. Os melhores ou mais inteligentes sobreviverão e saberão se transformar com o tempo. Mas não são mais o meio adequado para a complexidade da sociedade (o mundo) que vivemos. Eles ainda desempenham um papel importante, mas são veículos para as elites, e vêm de cima para baixo; nós valorizamos conhecimento e elites. E as mídias desempenharam e desempenham o papel de plataforma para que as elites compartilhem idéias. Esta função não desaparecerá.

Como negócio, os jornais não se sustentam como no passado porque a base das suas receitas foram irremediavelmente perdidas para a computação e a rede. É mais barato, prático e eficiente distribuir pequenos anúncios de diversas formas na rede. O problema dos jornais não é informação gratuita. Isso é bobagem, ignorância, uma tentativa de tapar o sol com a peneira. Enquanto isso vem ocorrendo com os jornais de forma dramática conforme a banda larga se espalha pelo mundo, vai se construindo esta nova infraestrutura que não é linear e fomenta a construção de novas arquiteturas de relacionamento social, político e econômico.

É tudo muito recente. O rádio, a tv foram não foram mais do que emulações do modelo velho, no qual é necessário grande volume de capital para montar a operação. Da captação à distribuição de forma broadcasting e unidirecional. Hoje não. Hoje qualquer um é publisher. É verdade que isso pode significar balbúrdia para pessoas que ainda não sabem se valer das primitivas ferramentas que usamos na rede. Mas isso avança todos os dias e cada vez mais fica claro os enormes benefícios que esta infraestrutura traz para a sociedade como um todo. É um assunto de certa complexidade. Mal coberto pela mídia tradicional, que tem medo deste processo. Neste link , uma série de textos em português do Media Lab e do Forum de Comunicação do MIT sobre esta questão: informação/comunicação/articulação na transição da era industrial para a era da comunicação.

O fato é que, como nota o sociólogo Manuel Castells, “além de livre expressão, a rede é educação, economia, negócios… é a eletricidade de nossa sociedade“. De modo que incomodados ou não seremos obrigados a investir cada vez mais sobre o domínio desta tecnologia.

Presente, passado e futuro

Parafraseando o historiador Fernad Braudel, “vivemos no tempo curto, o tempo da nossa própria vida, o tempo dos jornais, da rádio, dos acontecimentos, em companhia dos homens importantes que dirigem o jogo ou julgam dirigi-lo. É exatamente o tempo, no dia a dia, da nossa vida que se precipita, que se acelera, como que para se queimar rapidamente de uma vez por todas, à medida que envelhecemos. Na verdade é apenas a superfície do tempo presente, as vagas ou as tempestades do mar. Abaixo das vagas há as marés. Abaixo dessas estende-se a massa fantástica da água profunda.” … “Mas ao lado do tempo que passa, há o tempo que permanece, esse passado profundo no qual, sem que nós habitualmente saibamos, a nossa vida é apanhada.”

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